O COMEÇO (1500 até 1930)
Obviamente, já se fazia música neste período, porém, essa música nada tinha de brasileira, pois, era simplesmente, uma cópia dos modelos europeus. Podemos dizer que, na música de salão, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazarethforam os primeiros a romper com o padrão europeu e fazer música com temas e estilos brasileiros. Nos quintais, porém, cheios de influência negra e indígena, já se dançavam ritmos africanos e o congado.
O preconceito racial na época, porém, era grande. As festas negras eram proibidas e esses encontros eram chamadas de “sambas” . Também surgiu nessa época um tipo de composição musical, onde o virtuosismo nos instrumentos era mais importante que as letras que eventualmente existissem. Era o choro (mais arrastado) e o chorinho (mais repicado e de andamento mais rápido) habitualmente executados por bandas compostas de cavaquinho, flauta e violão.No começo do século, é gravado o primeiro samba: “Pelo Telefone”, o sucesso de Donga, depois, Sinhô(pianista de gafieira) dominou o cenário musical dos anos 20. E, nos anos 30, predominou o carioca do Bairro Estácio: -NOEL ROSA (Feitiço da Vila, Três Apitos, Fita Amarela, Conversa de Botequim, Feitio de Oração etc).
O CARNAVAL
As músicas de carnaval foram uma das grandes vertentes da história da música brasileira.O primeiro baile de Carnaval, que se tem notícia no Brasil, foi um baile de máscaras realizado no Hotel Itália, no Rio, em 1840, promovido pela colônia italiana, empolgada pelos bailes de máscaras de Veneza. Em 1909, começaram os desfiles de carros alegóricos nas ruas e os concursos de fantasia, de dança e de beleza feminina. Também já desde 1855 haviam surgido as primeiras sociedades carnavalescas, uma idéia do escritor José de Alencar. Durante o final do Império, dominou a cena carnavalesca na Corte. As sociedades Carnavalescas foram as sementes das atuais Escolas de Samba. A primeira música feita exclusivamente para o carnaval foi a marcha-rancho “Ô Abre Alas” de Chiquinha Gonzaga, composta em 1899.
A ERA DO RÁDIO
Foi uma época de grandes vozes e grandes interpretações, que suplantavam a importância do compositor, a ponto de Ary Barroso, revoltado, ter fundado a primeira sociedade de direitos autorais, para defender os direitos dos compositores. Essas músicas eram cantadas nas rádios, nas vozes potentes de alguns que se tornaram grandes ídolos da época: o primeiro e o mais idolatrado deles foi Francisco Alves (Chico Alves ou Chico Viola), Orlando Silva (O Cantor das Multidões) “Atire a Primeira Pedra”, Carlos Galhardo (O Seresteiro) e Sylvio Caldas “Chão de Estrelas” – A imprensa os chamava de “ Os Quatro Grandes”. Além deles, Vicente Celestino (cantor, ator e compositor) sobressaía fazendo cinema com sua esposa, Gilda de Abreu (atriz e diretora) e lançando preciosidades como “O Ébrio” e “Porta Aberta” entre outros.Entre as mulheres se destacam: Emilinha Borba, Marlene, Aracy de Almeida (jurada do Sílvio Santos), Dalva de Oliveira “Ave Maria no Morro e Bandeira Branca”.No violão se destacaram: Garoto e Dilermando Reis.Na flauta, o grande PIXINGUINHA (maestro, compositor e instrumentista, comparável a Louis Armstrong).Mas a grande estrela foi sem dúvida Carmen Miranda, uma portuguesa de nascimento, criada no Brasil, que, usando um turbante na cabeça com frutas tropicais, conquistou Hollywood e o mundo, mostrando as belezas do Brasil. Nesta época, ela incentivou a carreira de um baiano de nome Dorival Caymmi (Marina, Rosa Morena) que fez muito sucesso com uma música , O Quê Que A Baiana Tem?, para um filme dela de 1939 “Banana da Terra”. Os grandes arranjos na época eram feitos por Radamés Gnattali.
ANOS 40
O Baião na voz de Luís Gonzaga e seu parceiro Humberto Teixeira conquistou o Brasil. Foi a primeira vez que um som vindo do nordeste se tornou moda no sul do país. Todas as pessoa queriam aprender a dançar esse novo ritmo e tocar “Asa Branca” no acordeon. O xote (Schottish) ”Xote das Meninas” voltou com força nessa época, assim como o côco, o xaxado e o maxixe.
Os compositores de sucesso desta época foram: Lamartine Babo (No rancho fundo, Serra da Boa Esperança), Ary Barroso (Risque, Aquarela do Brasil, Camisa Amarela), João de Barro (Yes, nós temos banana, Touradas em Madri), Ataulfo Alves (Leva meu samba, Ai que saudades da Amélia, cuja letra é de Mario Lago, o ator, também parceiros em “Atire a pimeira pedra”), Herivelto Martins (Caminhemos); Lupicínio Rodrigues (Felicidade, Nervos de Aço, Se acaso você chegasse,)
ANOS 50
Nesta época, o Samba-canção e a Música Romântica de Fossa eram entoados nas potentes vozes de Ângela Maria, Ivon Cury, Cauby Peixoto, Elizeth Cardoso, Maysa, Dolores Duran (compositora), Nora Ney, Dóris Monteiro, Sílvia Teles, Dick Farney, Tito Mahdi e Nelson Gonçalves. .Zé Kéti foi um grande compositor.
Neste período, fazia bastante sucesso em São Paulo, o compositor com linguajar caipira e italianado Adoniram Barbosa “Saudosa Maloca”, a cantora Elza Soares, esposa de Garrincha e músicos instrumentistas como Sivuca no acordeon, Altamiro Carrilho na flauta e Valdir Azevedo “Brasileirinho” no cavaquinho e, o grande Baden Powell no violão (Estatutos da gafieira, Mocinho Bonito , Piston de gafieira).
“Chega de Saudade”, composição de Tom Jobim e Vinícius de Morais na voz de João Gilberto foi o marco inicial da revolução musical chamada Bossa Nova.
Desenvolvido por jovens de classe média urbana do Rio, com formação musical erudita, que se encontravam no apartamento de Nara Leão (a musa da Bossa Nova) em Copacabana.
Lembrava muito e teve grande influência do Jazz americano, e rapidamente conquistou todos os Jazzistas do mundo por essa similaridade. Grandes expoentes foram, além de Vinícius, Tom e João Gilberto, Luís Bonfá, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Billy Blanco; e mais no final do movimento, Toquinho, Marcos e Paulo Sérgio Valle dentre muitos outros.
ANOS 60
Seguindo a tendência mundial do Rock’n Roll simples e jovem, chegou a Jovem Guarda com o seu grande líder: Roberto Carlos. Seu amigo inseparável, Erasmo Carlos, a musa Wanderléia; o pequeno príncipe, Ronnie Von; o belo, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani , The Fevers, Renato e seus Blue Caps, Trio Ternura, Trio Esperança, Martinha. Nessa época predominaram as versões de músicas estrangeiras.
Como reação à desnacionalização musical da Jovem Guarda, da Bahia vieram os que comandaram o movimento do Tropicalismo: Caetano Veloso (Alegria Alegria, Baby), Gilberto Gil (Procissão, Domingo no parque), Tom Zé, Jorge Mautner e Maria Bethânia, Gal Costa e Os Novos Baianos com Baby Consuelo, Pepeu Gomes e Moraes Moreira foram os intérpretes desse movimento.
Grandes músicos participaram e foram descobertos nos Grandes Festivais da TV Record em São Paulo e no Festival Internacional da Canção no Rio. Nesta época consolidou-se o termo MPB.
Coincidindo com a ditadura militar no Brasil, algumas músicas se tornaram hinos de resistência como: “Prá Não Dizer Que Não Falei de Flores” e “Disparada” ambas de Geraldo Vandré e ”Apesar de você, “Construção” e “Chame o Ladrão” de Chico Buarque.
Com os meios de comunicação se expandindo, foi possível o aparecimento de grandes nomes famosos até hoje no Brasil. São eles: Elis Regina “Águas de Março”, Jair Rodrigues, Beth Carvalho “Andança”, Paulinho da Viola “Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida”.
O fenômeno das Escolas de Samba tomou conta do carnaval tipo-exportação, com imenso apoio da mídia e da máfia dos bicheiros cariocas. Surgiu então um gênero específico: o samba-enredo.
ANOS 70
Em Minas Gerais surge o Clube da Esquina com Milton Nascimento e Fernando Brandt, Beto Guedes, Lô Borgese Toninho Horta; no Rio de Janeiro surgiam Martinho da Vila, e Jorge Benjor (na época apenas Jorge Bem) com “País Tropical”, “Cadê Tereza” “Zazueira”, Tim Maia, Luís Melodia, Ivan Lins; do Nordeste vieram Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Fagner e Gonzaguinha, filho de Luís Gonzaga.
Foi a época dos bons Grupos Musicais como Os Mutantes (com Rita Lee como compositora e vocalista), Secos e Molhados(Ney Matogrosso como vocalista), A Cor do Som, Roupa Nova e 14 Bis. Nessa época desponta também um grande alternativo: Raul Seixas e seu parceiro Paulo Coelho( O escritor).
Junto com os programas de auditório do Chacrinha, Raul Gil, Sílvio Santos surgiram os Cantores Populares ou Bregas como eram tachados: Sydney Magal “Sandra Rosa Madalena”; Waldick Soriano “Eu não Sou Cachorro Não”; Jane e Herondí “ Não Se Vá”; Gilliard “Aquela Nuvem Que Passa”; Lílian ‘ Eu Sou Rebelde”; Gretchen ( A Rainha do Bumbum); Marcelo e outros.
Mais tarde a MPB cresceu com bons destaques para Djavan, Oswaldo Montenegro e seus Musicais, Eduardo Dusek, Guillherme Arantes, João Bosco e Aldir Blanc e Belchior.
ANOS 80
O padrão guitarra, baixo e bateria começa a se impor e surge o famoso BROCK (Rock Brasileiro). Paralamas do Sucesso, Ultrage à Rigor, Legião Urbana, Barão Vermelho, Titãs, Kid Abelha, Capital Inicial, Plebe Rude “Até Quando Esperar”, Lobão “Chove Lá Fora”, Blitz “Você não Soube me Amar” Biquini Cavadão, Engenheiros do Havaí, Lulu Santos e Ritchie.
O interior do país começou a ter dinheiro para também consumir LPs e passou a comprar o Sertanejo como Chitãozinho e Chororó, Leandro e Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano, Pena Branca e Xavantinho, Milionário e Zé Rico, Cristian e Ralf.
A Bahia mudou a cara dos carnavais, primeiro com a Lambada e depois com a Axé Music de Luís Caldas, Daniela Mercury e Chiclete Com Banana, e fez o trio elétrico ficar conhecido no resto do Brasil, pois já tinha sido inventado há mais de 30 anos por Dodô e Osmar,.
ANOS 90
Essa época foi marcada pela pulverização e fusão de estilos, fazendo com que tudo fosse generalizado como Música Popular produzida no Brasil.
O grande destaque nesta década pode ser dado pelos grupos de Pagode que tomaram conta até da classe mais alta, fazendo o Brasil voltar às origens da sua própria música: O SAMBA, onde tudo começou…